Repórter especial do Diário relembra mais um ano de cobertura da tragédia em Santa Maria

Assim como a centenas de pessoas, a tragédia na boate Kiss me transformou. Em vários    aspectos e de diferentes formas, para o bem e para o não tão bem assim. Me fez uma pessoa e uma profissional melhor, sem dúvida.

Sempre fui viciada em trabalho, mas depois de testemunhar a dor de tantos pais e familiares, passei a ver o quanto cada minuto aproveitado com a família é único e muito importante. Percebi o quão caro é o amor das pessoas. Aprendi a me deixar tomar pela imensa felicidade que é, simplesmente, estar em casa, tomando um mate, rodeada pelos meus. Acredito que mesmo na Redação, perdi a fama de workaholic que ostentava com certo orgulho, confesso.

Mas, falar sistematicamente sobre a luta dos pais por justiça também abriu meus olhos para realidades não tão bonitas. Acredito mais nas pessoas e menos nas instituições. Hoje, sou muito mais desconfiada, insistente e questionadora nessa incansável busca pela informação que vivemos todos os dias. E isso me fez uma repórter melhor.

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A maior tragédia gaúcha, com 242 mortos e mais de 600 feridos, nunca será “apenas”. A cobertura jornalística, também não. Não é “apenas” noticiar processos cíveis e criminais nas justiças Estadual e Militar; não é “apenas” falar sobre mudanças na prevenção de incêndios; nem “apenas” mostrar a falta de medicamentos aos sobreviventes e o luto infindável dos familiares, marcado a cada dia 27 do mês. É tudo isso e mais. É o exercício diário de como tratar de questões tão difíceis e dolorosas. É dar voz, ouvir e transmitir. É se comprometer em informar e transformar.

15 MOTIVOS PARA LEMBRAR DE 2015
Até a última edição do ano, o Diário mostrará 15 histórias que, durante 2015, mudaram realidades não só dos personagens retratados, mas também transformaram de alguma forma os seus jornalistas. Repórteres, editores e fotógrafos contam como levar a informação também acabou provocando mudanças em si mesmos.